A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença auto-imune , inflamatória ,desmielinizante e de evolução crônica , do sistema nervoso central .Ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central (bainha de mielina dos axônios), provocando lesões cerebrais e medulares.
Embora a causa da doença ainda seja desconhecida, a EM tem sido foco de muitos estudos no mundo todo,e vem sofrendo enorme avanço na compreensão de suas causas e consequentemente no seu tratamento.
Acomete principalmente pacientes jovens, em especial mulheres de 20-40 anos, 3 mulheres para cada homem, e a sua prevalência cursa em torno de 15/100.000 habitantes na população brasileira, sendo a principal doença desmielinizante nesta população.
Na EM o sistema imunológico passa a atacar a cobertura dos nervos, denominada de mielina e é, por esta razão, classificada como uma doença desmielinizante.
Lesões da bainha de mielina.
Lesões de EM na ressonância magnética.
Geralmente os sintomas variam de acordo com a intensidade e a localização das áreas de inflamação no sistema nervoso.
As manifestações mais comuns da EM são:
. Fadiga (fraqueza ou cansaço)
. Sensitivas: parestesias (dormências ou formigamentos); neuralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face)
. Motoras: perda da força muscular, dificuldade para andar
. Ataxia (falta de coordenação dos movimentos): tonturas e desequilíbrio
. Esfincterianas: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino
. Espasticidade (rigidez muscular)
. Cognitivos: problemas de fala e memória ou alterações do humor
De um modo geral seu curso clínico é caracterizado mais frequentemente por surtos (sintomas neurológicos agudos), que se instalam repentinamente, podem piorar de intensidade por um determinado período (alguns dias), seguidos de períodos de remissões dos sintomas. Para ser considerado surto, o sintoma deverá persistir por um período mínimo de 24 horas, na ausência de febre, aumento de temperatura ambiente ou alguma infecção no organismo.
O diagnóstico de EM requer uma profunda análise da história clinica do paciente , exame físico neurológico e a realização de exames complementares, que podem contribuir para o diagnóstico ou excluir outra doença que pode ser semelhante à EM.
Atualmente não existe nenhum marcador biológico que permita identificar a doença e prever sua evolução clínica.
Com base em um consenso de especialistas da Sociedade de Esclerose Múltipla Norte Americana (US National Multiple Sclerosis Society NMSS) em 1996 , a doença pode ser classificada com critérios clínicos caracterizados pela ocorrência de surtos e progressão:
. Forma Remitente Recorrente (EMRR) ou surto remissão : sendo a forma mais comum, 70 a 80% dos casos
. Primariamente Progressiva (EMPP) : a progressão da doença ocorre desde o início, com velocidade variável. Ocorre em 10-15% dos casos.
. Secundariamente Progressiva (EMSP): ocorre em 15 a 20% dos casos.
. EM progressiva recidivante (EMPR): forma mais rara , ocorre em 5% dos casos.
Tratamento
Os tratamentos para EM não curam a doença. Seu objetivo é reduzir a possibilidade de um novo surto e, portanto, o acúmulo de incapacidades e a piora na progressão clínica, contribuindo assim para a melhora da qualidade de vida do paciente.
Existem medicações utilizadas somente durante os surtos (pulsoterapia com corticosteróides); outras são utilizadas de maneira contínua (como os fármacos modificadores da doença: injetáveis ou orais), independentemente dos sintomas apresentados; ou ainda há medicamentos que buscam somente aliviar sintomas como dor, desequilíbrio, espasticidade, urgência urinária, fadiga etc.